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Mostrando postagens de setembro, 2017

O Acaso

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Em meados do ano passado, com o carro em manutenção, a solução foi irmos - Pedro e eu - para a academia (aulas de judô e natação) de táxi - não tenho bike e não há transporte coletivo até a "gym". Porém, ao solicitar um para o nosso retorno, nenhum táxi à vista, em nenhum dos aplicativos acionados. Resolvemos voltar a pé para casa, o que daria uma caminhada de 16 quadras. Muito papo gostoso rolando, muitos portões com cães para acariciar, calçadas com relevos para tropeçar…rsrs Andando lado a lado, foi em uma esquina - a qual nunca mais me esquecerei - que Pedro, no meio de sua prosa, disse "Quando eu estava na barriga da tia..." (citou o nome de sua “tia social”, quem cuidou dele no abrigo). Nem o deixei terminar a frase. Expliquei a ele que não, ele nunca esteve na barriga dela, mas sim, da mulher que o gerou, a sua mãe biológica. Ele, assustado, com os olhos arregalados, parou de frente à mim, e perguntou: - Mas, mãe, não é você a minha mãe? Agachei

O Portão

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Ao começar a assistir o programa “Histórias de Adoção”, em 2016, logo que foi lançado no canal GNT, a música “O Portão” (de Lula Queiroga) nos fez chorar… Essa série documental dirigida pelo cineasta Roberto Berliner - e também pai por adoção -, acompanhado de sua mulher Ana Amélia Macedo, iniciou contando a sua história de como formaram a sua família. Na série, Berliner explora as particularidades do tema por meio de depoimentos de famílias bem diferentes.Tratando deste assunto complexo com muita sabedoria. Ajudando a quebrar muitos mitos e tabus, e emocionando a cada episódio ao exibir encontros de pais e filhos adotivos, como também, a realidade de crianças e jovens que vivem nos abrigos à espera de uma família. “Histórias de Adoção”, programa admirável em sua essência, que retrata o amor na sua forma mais pura, ilimitada. Ah! E a música! Pedro sabe de cor (“cor” em latim significa coração), então, saber de cor é saber de coração…

A Escolha

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Nessa mesma época no ano passado, que precede o dia das crianças, passei a perguntar para o Pedro o que ele gostaria de ganhar. Logo na primeira vez, ele me olhou surpreso sem saber o que responder. Achei normal ele ter dúvidas diante da variedade anunciada na televisão - principalmente nos canais voltados ao público infantil - e vistas em tantas prateleiras de lojas deste segmento e até mesmo em padarias…rsrs Voltei a perguntar a ele e nada!   Foi daí que eu percebí que esta pergunta ele jamais ouviu. Para ele, nunca houve, até então, um dia das crianças ou mesmo um Natal que ele pudesse escolher um brinquedo. Talvez, tenha ganho uma bola ou mesmo um brinquedo usado enquanto vivia no abrigo.  Ele não se recorda destas datas…   Era novidade ter que escolher.   Ví que ficou aflito com tal possibilidade. E assim, após duas semanas, ele continuou sem resposta.   Sabendo o quanto ele passou a gostar de heróis, enxerguei aí uma facilidade como alternativa. Ele ficou f

A Realidade

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Não deixaria de comentar a excelente cobertura do Profissão Repórter (Rede Globo), que fez uma maravilhosa matéria relatando as histórias de crianças e jovens que vivem em abrigos no nosso país à espera da adoção.   São narrações comoventes e mostram as situações destes que passam suas vidas em abrigos sonhando em ter uma família.  Expõe a triste realidade daqueles que são devolvidos no período de convivência, dificultando a reconstrução de sua auto-estima e socialização. E assustador, também, ao ver aqueles que ao completarem a sua maioridade (18 anos), tem que deixar a instituição de acolhimento, ainda despreparados e muitos sem ter para onde ir.     A matéria é completa, apresentando a veracidade das vidas de crianças e adolescentes, como também, grandes iniciativas a exemplo do estado do Espírito Santo com a campanha "Esperando por Você”. Vale a pena ver… Parabéns a todos do Profissão Repórter pela nobre cobertura!   https://globoplay.glob

O Nome

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Tudo estava tão claro para mim, pois sei que Pedro é o nosso filho. Mas, bastou ele adoecer para que os meus pensamentos passassem a vigorar com uma certa insegurança.   Até chegar ao pediatra, me senti culpada por não saber lidar - não sabia que tratava-se de uma potente amigdalite. Me deixou, também, em estado de alerta quando estivemos no laboratório quando ao ser chamado para os exames, pronunciaram o sobrenome de sua mãe biológica. Houve um certo constrangimento. E Pedro me olhou não entendendo que se referia a ele. Carregava em minha bolsa uma pasta com a Carta de Guarda Provisória, a sua Certidão de Nascimento e o R.G. (com o nome da mãe que o gerou), como documentos probatórios. Tive que apresentar estes documentos ao pediatra, para o plano de saúde e para as matrículas na escola e academia.   Porém, era embaraçoso quando ouvíamos o sobrenome ser anunciado ou ao perceber um olhar investigativo sobre mim quando apresentava nossos documentos em aeroportos, hotéis, es

Pedagogia da Adoção

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Este livro discorre sobre temas ainda pouco abordados sobre a filiação adotiva com muita sensibilidade e sabedoria.  Tendo o autor mais de 40 anos de prática clínica psicológica e sendo ele um pai adotivo, escreve com propriedade sobre o assunto tratando questões básicas sobre a adoção de filhos com foco em sua criação e educação contemplando suas imperfeições, qualidades, dores e prazeres.   Todos os livros de Luiz Schettini Filho são incríveis. Tomei conhecimento deste autor iniciando a leitura por este livro, que acredito ser de muita valia. Não se trata de uma apologia à adoção e fala com dignidade e consideração sobre a incorporação de filhos adotivos em sua maneira diferente de construção nas relações parentais.

O Apoio

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A decisão pelo caminho da adoção vai muito além do desejo de construir uma família.  É estar aberto para um filho que foi gerado em outra barriga e que desta família foi destituído. Onde a consanguinidade é irrelevante.  É realizar os sonhos de ser pai, mãe e filho, e onde não faltarão amor e respeito.  É sentir-se grávida no coração. E desejá-lo, muito! Essa determinação só se apresenta verdadeira quando muito se conversou, refletiu e buscou informações a respeito. Todavia, isso não basta. Acreditávamos que estávamos preparados quando tomamos a decisão, mas, foi por meio das participações no Grupo de Apoio à Adoção que nos foi abordado os desafios, as dificuldades durante o processo, o preparo emocional dos futuros pais, como também, a troca de experiências entre os que já adotaram com os que estão no caminho da adoção. Há de se esgotar todas as dúvidas, há que se abrir ainda mais o coração para o significado da adoção diante da realidade encontrada nos abrigos, das cri