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Mostrando postagens de novembro, 2017

A Riqueza

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Saber esperar é realmente uma grande sabedoria.  O que mais sentia quando estava na fila de adoção, era uma sensação de abandono.  Mesmo tentando completar o meu tempo, por 3 anos, o relógio parecia não mover seus ponteiros.   Achava que aquele telefonema do fórum não iria receber. Me sentia descrente e tudo o que eu mais tinha certeza passava a ser incerto. Tentei então me convencer (e as minha amigas também) que isso não era para mim, que eu deveria ouvir melhor os sinais e que a maternidade poderia ser realizada de outras formas: sendo professora, tia, madrinha, cuidando de outras crianças que não a minha. Eu estava em paz comigo e enquanto isso, meu marido e eu - e o país todo - entrávamos em uma grande crise financeira. Eu estava com pouquíssimos trabalhos, rareando cada vez mais. Ou seja, mais uma “desculpa” para dizer que não, não era mesmo para eu ser mãe.   Até que o telefone toca. Sobe um calor, o coração dispara e tudo o que eu falava para as amigas

Sutis Diferenças

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Sempre ouví que, após ser mãe, a gente passa a olhar primeiro para as necessidades do filho e, depois de muito pensar, virão as nossas para aquilo que não se pode dispensar. Há 1 ano e 9 meses tornei-me mãe e ficou evidente que é assim mesmo. Nos 20 dias que fomos ao abrigo (processo de convivência) era nítido que uma criança criada nesta situação, as necessidades são outras, ou melhor, se resume apenas ao desejo de encontrar uma família. Ele não pedia balinha (mesmo que levássemos para ele confeitos agradáveis ao paladar infantil), nem brinquedos ou qualquer outra coisa, apenas a nossa presença, como : - Vocês voltam amanhã? Provavelmente, como toda criança (e ser humano), tinha vontades e desejos, mas, em sua vida, isso não era cabível. Em seu quarto, montado às pressas, logo no início, havia poucos brinquedos. E, diferente de um bebê recém-nascido, que recebe presentes logo ao nascer, com Pedro se passou de outra forma. Ele foi gradualmente apresentado aos nosso

Dar à Luz

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Compartilho esta poesia que me encantou em sua simplicidade, delicadeza e graciosidade, de Bráulio Bessa Uchoa - grande poeta de literatura de cordel, declamador e palestrante, trouxe a adoção como tema deste belíssimo cordel: "Dar à Luz" Dar à luz a uma criança, é iluminar os seus dias Dividir suas tristezas, somar suas alegrias É ser o próprio calor, naquelas noites mais frias Dar à luz é estar perto, é sempre chegar primeiro É ter o amor mais puro, mais honesto e verdadeiro Amar do primeiro olhar até o olhar derradeiro Dar à luz é se estressar, é não conseguir dormir É ser quase odiado por dizer, não vai sair Dar à luz é liberar, mas também é proibir Dar à luz é ser herói com papel de vilão É saber regrar o sim e nunca poupar o não Não é traçar o caminho, é mostrar a direção Dar à luz é ser presente nos momentos mais cruéis É ensinar que os dedos valem mais do que os anéis É mostrar que um só lar, vale mais que

A Amamentação

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Presenciei, diversas vezes, mãozinhas ligeiras de um bebê/criança remover parte da roupa de sua mãe a procurar pelo peito, pelo leite que ainda o nutre - ou mesmo que não mais -, na sua forma mais pura e inerente à vida. E dão-se diferentes reações: algumas mães ficam envergonhadas, outras dão risadas, mas, a maioria embala seu filho no colo promovendo esse encontro tão único e que leva tempo para que seja desfeito. É como se o universo, naquele momento, se resumisse à sucção. Pedro por ter saído direto do hospital para o abrigo, não foi amamentado.   Como também, tê-lo conhecido quando completou 3 anos de idade, não me passou pela cabeça o ato de aleitar.   E jamais presumí que pudesse acontecer o mesmo comigo… A primeira vez ocorreu no banheiro.   Havia terminado de dar banho nele, eu estava agachada enxugando-o e ele em pé, quando me perguntou se poderia tocar os meus seios. Respondí a ele que sim.   Ele revolveu a minha blusa, até encontrar meu peito e, assim, o toc

"O Livro da Família"

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Logo de cara me apaixonei pelas cores e desenhos dos livros infantis do artista e autor Todd Parr.  São livros que divertem e ensinam, trazendo novas formas de percepção perante os assuntos tratados com tanta ternura sobre adoção, diferenças culturais, raciais e sociais. O “Livro da Família”(Panda Books, 2017), quando lí para o Pedro pela 1a. vez, ao chegar na página que diz que algumas famílias adotam filhos, houve uma troca de olhares e logo veio o comentário: - “Mãe, essa é a nossa família!”   Nos abraçamos, sorrimos e continuei a leitura - feliz e agradecendo ao autor por abordar com tanta leveza temas polêmicos, como este.   Tal sensibilidade, tratada em frases curtas e objetivas, é capaz de nos envolver e perceber que a verdade quando exposta de forma simples e pura nos conduz à graça da vida! OBS.: Todd Parr tem outros livros publicados aqui e já foram vendidos milhares de exemplares no mundo todo. Este, citado neste post, está na 18ª impressão e parte dos

Hoje é o Dia...

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                                       Hoje é um dia importante, mundialmente falando. Hoje se comemora o Dia Mundial da Adoção (World Adoption Day)! O objetivo desta campanha é o desejo de um mundo sem órfãos, sem crianças e adolescentes passando boa parte de suas vidas em abrigos. É trazer um novo olhar e apoio (humano) às famílias formadas por adoção e crianças ao redor do mundo. O objetivo principal é este: o seu olhar com AMOR! #WorldAdoptionDay #DiaMundialDaAdoção World Adoption Day is a day to celebrate family. World Adoption Day is a day to raise awareness for adoption. World Adoption Day is a day to raise funds to support families in their adoption. Ambassadors from all over the world are organizing events and parties, bringing together people from all walks of life to celebrate World Adoption Day. Join us as we create a day to celebrate the power and beauty of family brought together through adoption. #WorldAdoptionDay http://worldadoptionday.org/ https:/

O Progresso

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Lembro-me bem do 1º dia que participamos, meu marido e eu, do grupo de apoio à adoção, pois não imaginávamos encontrar aquele número de pessoas dispostas a adotar - achávamos que haveria menos indivíduos interessados.  Isso ocorreu no início de 2013. Saímos de lá diferentes, nos sentindo mais fortes e com a certeza de quão importante é participar de um Grupo de Apoio à Adoção. Porém, quando Pedro chegou, no ano passado, estivemos ausentes das reuniões por um tempinho e ao retornar - para nossa surpresa -, vimos que quase triplicou o número de pessoas que desejam adotar. Tanto melhor, foi receber, em 29/10/17, a notícia que o percentual de pretendentes dispostos a adotar crianças acima de 5 anos, indiferentes a cor e que aceitam grupos de irmãos aumentou significativamente nos últimos anos. Com a ampliação do perfil desejado, o processo se tornou mais célere e muitas crianças e adolescentes estão tendo a alegria e a oportunidade de, enfim, ter uma família! Essa conscientização se d