A Verdade


Poderia ter percorrido, nos momentos de quase desespero quando supus estar “esquecida” pela Vara da Infância e da Juventude - por não receber nenhuma ligação (após estar habilitada para adoção) -, outros caminhos…aqueles obscuros perante à lei. 
Pois, pessoas queridas, vendo a minha busca pela realização de ser mãe, tratavam, de alguma forma, querer me ajudar apontando alternativas de burlar o sistema. 
Recebi telefonemas com indicações de crianças que estavam para nascer onde suas mães não a desejavam ou não tinham condições de criá-la. 
E isso mexeu demais comigo! 

De fato, poderia ter feito assim: bastava pegar a estrada, apanhar o bebê recém-nascido, correr a um cartório e mentir! Falo dessa forma pois conheço pessoas que poderiam me ajudar…acho! Nunca tive a coragem de perguntar, mas, imaginava que poderiam me salvar.

Sabia que se o fizesse, passaria o resto da minha vida em uma grande mentira: como poderia contar ao meu filho a sua chegada? Como faria para dizer que eu não sabia de onde ele vinha? 
Mentiria ao ponto de dizer que nasceu de meu ventre? Ou como dizer quem eram seus pais, sua cidade natal, seu antigo registro, se tem irmãos, avós,…?

E o meu sono? Meus sonhos? Previ que jamais seriam os mesmos. 
Refleti diversas vezes e apenas enxergava um obstáculo instalado entre meu filho e eu, se assim ocorresse. 
E tive a certeza que nunca mais estaria em paz comigo mesma. 
Há tantas pessoas na fila de adoção e se eu a furasse, claramente, estaria tirando um filho de alguém - não era a minha vez!

Há muitas crianças em abrigo que não estão aptas à adoção. 
Basta um parente visitar a instituição poucas vezes ao ano para que o rebento não seja destituído de sua família. 
E assim, são criados pelo Estado até adquirirem a sua maioridade.
É esta a lei que vigora em nosso país. 
Talvez, até mesmo inadequada, sabendo que tantos que desejam um filho por adoção tenham que esperar por esta privação, e realizar que tantas crianças/adolescentes estão escorados pelas entidades que os acolhem. 
Como também, nos assegura saber que, quando o telefone toca e é chegada a nossa vez, estamos cientes de todo o passado, de suas verídicas documentações e informações desta vida que fará parte das nossas, para sempre.

Durmo com a tranquilidade de quem soube esperar e o quanto aprendi com o tempo. 
E o melhor é saber que nosso filho não poderia ser outro! É ele! 
Com toda a transparência que nenhum véu poderia encobrir. 
Que em qualquer travesseiro posso repousar e sonhar como uma mãe de verdade!


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