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Mostrando postagens de 2019

Sem Palavras

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Uma pergunta pode ser relevante, desafiadora, a depender da circunstância comunicativa.   É na ação de transmitir uma mensagem e a de receber outra como resposta que partilhamos nossos conhecimentos, pensamentos, emoções e sentimentos. São muitos os momentos que nos sobra coragem para responder e tantos outros que nos faltam palavras, e o ar também. Os momentos são irrecuperáveis, sejam eles de sofrimento ou de alegria, ao nos arrebatar cada vez que se recorda, tornando-os inesquecíveis. No ano passado, próximo à virada de ano, um grande amigo lançou uma pergunta para todos os que estavam sentados à mesa, incluindo as crianças: “O que foi mais importante para você neste ano?”   Ouvimos diferentes respostas, desde uma viagem realizada, conquistas profissionais, mudança de emprego/casa/escola, ter tirado boas notas, … Ao chegar a vez de Pedro responder, ele apenas apontou para nós, meu marido e eu.   Ficamos sem ar. Um momento inesquecíve...

Quem

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A criança, entre os 3 e 4 anos, passa por um período onde se desperta o interesse para entender como as coisas funcionam e não foi diferente quando conhecemos Pedro, que tinha acabado de completar 3 anos, e os “porquês” quase se igualavam aos chamados de “mamãe”. Hoje, Pedro, com 6 anos, as indagações passaram a ser mais intuitivas e aplicadas a realidades diversas e precisas, ou como estas ao fazer sua lição de casa: - Mãe, quem escolheu meu nome? Foi no abrigo? Nesta atividade, o aluno deveria perguntar aos seus familiares como fora escolhido o seu nome (uma homenagem a alguém, de cunho religioso, …). Respondi que foi a sua mãe biológica/genitora quem escolheu, no hospital, e quando ele chegou no abrigo já tinha esse lindo nome. Pedro me disse que “genitora” os amiguinhos não entenderiam, e escreveu: “Meu nome foi escolhido pela minha mãe biológica”. Ao ler o seu trabalho para a classe, um coleguinha perguntou: - Você é adotado? Pedro, disse “Sim!” Ao ouvir de sua ...

A Prova

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Faz tempo que não nos “falamos” por aqui e peço desculpas.   O tempo corre ligeiro e a cada instante tantas coisas acontecem. Obviamente, gostaríamos que somente os bons episódios fizessem parte, mas passamos por provações dia a dia e seus imprevistos. E não é que tive que provar - por isso somente agora escrevo, o que me tomou demasiado tempo e energia - que Pedro é nosso filho? Sim! Passei por isso quando descobri que em um de seus documentos havia um erro, deixando ativos documentos que deveriam ter sido anulados quando o juiz proferiu a nova certidão de nascimento como nosso filho com seus devidos e novos atestados.   O erro se deu ao buscar seus documentos, 3 anos atrás (ele em meu colo e, eu, 6 meses como mãe), por eu não ter verificado os dados, tão emotiva e realizada estava. Passei dias indo em várias jurisdições que, em muitas vezes, duvidaram de mim como se os registros que carregava fossem ilegítimos. E bastou um olhar duvidoso, o qual, tão insignif...

O Tempo e as Mães

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Me senti honrada em participar da edição Especial do Dia das Mães (no Instagram) da Revista Pais & Filhos. Com carinho, compartilho. https://www.instagram.com/p/BxS91kZF5kA/

A Linha do Tempo

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A vida, como uma eterna evolução e adaptação a cada sol que nasce, me pega de surpresa os novos episódios com Pedro, hoje, aos 6 anos, dizendo que gostaria de ter nascido na minha barriga.   É natural e esperado ele necessitar ter mais proximidade, digamos “uterina”, comigo. E para não o deixar confuso ao dizer que ele “nasceu no meu coração”, aproveito a sua curiosidade e, também, o seu entusiasmo ao fazer as lições de casa, falando objetiva e claramente sobre nós. Como em uma pesquisa que necessitou da ajuda dos familiares do aluno sobre a “Linha do Tempo”, que consistia em descrever desde o ano de seu nascimento até o atual, contando o que houve de especial em cada ano e com uma foto para ilustrar cada acontecimento. Minha primeira reação foi a “pré-ocupação”: como ele reagiria por conta desta exposição?   Presumindo que os alunos levariam fotos com os pais ao redor do filho recém-nascido na maternidade, das festas com a família reunida desde o 1⁠º ano de v...

Progressão

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Em 7 de novembro de 2017, postei um texto nesta página (“E Aí Cheguei”) - intitulado “O Progresso” -, sobre os avanços na tecnologia da informação para agilizar os processos de adoção de crianças e adolescentes no Brasil.   Na data de hoje, os dados informados pelo Cadastro Nacional de Adoção desde quando foi lançado em 2008 - pelo Conselho Nacional de Justiça -, favoreceu a formação de mais de 12.000 famílias, e no ano passado (em 2018), foram adotadas 2.184 crianças/adolescentes. Um progresso! Mesmo com a evidente evolução tecnológica e importantes iniciativas para a redução do prazo para tramitação do processo de habilitação, a importância deve ser dada à mínima permanência das crianças e adolescentes que se encontram acolhidas em abrigos. Contanto que os pretendentes à adoção (pais e família extensa), estejam preparados/aptos para constituírem uma família sem a possibilidade de rejeição/devolução, evitando assim, maiores danos emocionais para estes que sofrem c...

Hoje

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Comemoramos datas específicas, desde diferentes aniversários (nascimento, namoro, bodas, …) e nos feriados relembramos conquistas, lutas e acontecimentos importantes. Hoje (13 de fevereiro), é um dia marcante em nossa vida, aconteceu uma grande vitória: buscamos Pedro no abrigo para morar em nossa casa! Três anos se passaram e lembro-me de que estávamos aflitos no dia de buscá-lo a caminho da instituição, pois não sabíamos qual seria a reação de Pedro. Aproveitei para ligar para uma prima muito querida (que hoje aniversaria) e tão emocionada lhe disse, em sua data tão especial, eu que estou recebendo o melhor presente! Entramos diferentes em nossa casa do que quando saímos para buscá-lo… Ele, a pisar pela primeira vez em seu novo e definitivo lar, a explorar cada canto e, nós, maravilhados/encantados ao ponto de não sentir o chão. Com os olhos marejados mostramos cada cômodo com tanto amor em meio a euforia que este dia, inesquecível, nos trouxe a nossa maior ale...

Caminhos

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Final de ano com celebrações e em meio a tantos acontecimentos, nos faz parar para pensar e rever nossas formas de agir, colocando sobre a balança os registros de nossas impressões habituais e corriqueiras, sem medir o peso se certas ou equivocadas, mas, com a clareza quais caminhos precisamos evoluir. Há alguns anos, meu marido e eu, participamos de uma festa natalina para crianças carentes e, desde o Natal de 2016, Pedro nos acompanha. Neste último Natal (2018), o levei a essa comemoração, mas em outra instituição e, como ocorreu em um dia da semana, as crianças estavam desacompanhadas de suas famílias. Logo que chegamos, Pedro me ajudou a descarregar o carro com guloseimas que levávamos para a comemoração e ao se deparar com tantas crianças que aguardavam pelo Papai Noel e seus presentes, ele entrou em pânico. Passou a me pedir colo e não desgrudou de mim por um segundo. Supus que a ausência dos pais destas crianças, fez com que Pedro pensasse estar em um abrigo. E naqu...