A Adaptação_P.1

O dia de levá-lo para casa chegou! 
Dia de suprema alegria! 
Mesmo ainda sendo chamada de tia!

Houve uma linda e comovente festa de despedida do abrigo, pela manhã, com as pessoas com quem ele conviveu. 
Consideramos não confundí-lo com tantas informações, festas ou comemorações, logo de início, pois, tudo era novo para ele. E, assim, decidimos não fazer festa de chegada em nossa casa. Ele nunca havia entrado em um carro, nunca viu um cavalo e tantos outros animais (apenas em desenhos animados na TV), jamais tinha visto o mar,…Só saiu do abrigo em dias de vacinação ou quando foi ao hospital com uma forte gripe com 1 aninho (consta em seu histórico de saúde). Ou seja, muitas novidades a vista.

Jamais esqueceremos, quando, pela primeira vez, entrou em nosso carro. Com um olhar tímido e ao mesmo tempo desbravador. 
O caminho do abrigo até em casa foi de muito bate-papo. Tudo o que via, perguntava: sobre o trem na Marginal Pinheiros, a grande quantidade de carros, os prédios enormes, as sirenes, se já estávamos chegando…
Quando chegamos em casa, ele olhou tudo rapidamente sem observar - sem saber o que fazer. Principalmente, quando viu seu quarto. Não tocou em nada - não sabia, até então, o que era pertencer a um lugar - a ter seus próprios brinquedos, roupas,… Uma casa, uma família!
Estava alegre, sorria com os olhos. 

Entrou em nosso quarto e logo saiu. Aliás, levou uns 15 dias para que deitasse em nossa cama. Fui convidando-o, aos poucos, para brincar e, assim, foi se entregando. Deliciosas lutas com meias nas mãos (boxeador, dizia ele), com estacionamentos fictícios (carrinhos atrás das almofadas) e tantas outras que, aos poucos, nos conduziu a um conhecimento maior um do outro.

Após oito dias que Pedro estava vivendo conosco e, nós, a chamá-lo de filho, onde do nada, pela tarde, ele me chamou de mamãe. E, logo que o Gustavo entrou em casa, se dirigiu a ele, chamando-o de papai! 
Momento inexplicável de tanta alegria, de realização! Um êxtase à nossas almas.

Uma criança com 3 anos de idade - com este mesmo tempo de vida em um abrigo -, é um livro aberto mas não em branco. Vem com sua bagagem. E, mesmo que transformamos, jamais aniquilará seu passado, seus aprendizados, seus medos e angústias. E o abandono, está lá, em algum cantinho. Quando fica com medo, ele aparece…o tal do medo de ser abandonado. 

Respeito por esse passado que não será apagado. Respeito por essa mãe biológica que não pôde criá-lo e, que graças a ela, ele está conosco! Obrigada! 


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